domingo, 24 de abril de 2011

Crescimento a dois dígitos e desemprego a um, para quando? Não por agora.

Das magníficas promessas da anterior legislatura destacam-se o crescimento a dois dígitos e desemprego a um dígito, agora reconhecidamente como um grande falhanço, e que estão novamente à tona no programa do governo. Como sempre, existe justificação para todos os fracassos alcançados. Neste caso justifica-se com a grande crise que assola os maiores parceiros comerciais e diplomáticos de Cabo Verde. E esta mesma crise está a servir de justificação para uma possível incumprimento dessas promessas nesta nova legislatura.


Entretanto pergunta-se porque é que grande parte dos países emergentes aproveitou a crise financeira e económica mundial para se destacarem no crescimento do produto? Ou mais concretamente e mais perto de nós, porque é que Moçambique está a crescer a 8% e Cabo Verde apenas a metade disso? Dado que a crise teve um efeito a nível mundial, deve-se repensar na justificação do falhanço dessas promessas.


É de referir que dificilmente haverá crescimento económico se as contas públicas não estiverem equilibradas (ou próximo de tal). Com dívida pública a crescer e défice a dois dígitos, e apostas em sectores não produtivos nunca haverá dinamização da economia, o que leva a falta de criação de emprego, impulsionado pela limitação do consumo e investimento privado.


Ora foi por este caminho que o país esteve a andar nos últimos anos, e as consequências estão agora a se revelarem. A “aprofundar” o problema, a nova forma do cálculo da taxa de desemprego faz com que se limita a preocupação para redução da verdadeira taxa, donde se incentiva cada vez mais a criação da pobreza e consequentemente falta de dinamização da economia. Continua assim o círculo vicioso.


Está a vista que por causa dessas políticas dificilmente nos próximos 3 a 4 anos se consegue alcançar o crescimento desejado ou mesmo o crescimento potencial. É pena que em Cabo Verde até as questões económicas são politizadas pelos analistas, o que leva ao impedimento de incentivo à mudança de rumo das políticas erradas, no sentido de fomentar o crescimento económico sustentado.


Sem o reconhecimento das políticas erradas ou mesmo apoiando-as, continua a haver falta da dinamização da economia, levando novamente à persistência do círculo vicioso. E quem sofre no meio de tudo isto é o povo caboverdiano, sobretudo os mais desfavorecidos.


Gilson Pina