No
período 1989-2009 foram criados cerca de 143.500 empregos[1],
dos quais 54% nos últimos 5 anos (2005-2009). A maioria destes empregos foi
criada nos sectores da construção, comércio e alojamento e restauração.
Verificamos que os anos com maiores postos de trabalhos criados são os que
antecedem as eleições. E estes empregos são normalmente precários.
O
período 1995-1999 foi o de maior média anual de crescimento do PIB per capita
real (6,1%) e neste período o crescimento médio anual do emprego foi de 2,6%
(foram criadas um total de 18.432 empregos). O período 2005-2009 foi o de maior
média anual de postos de trabalhos criados, 10,9% (corresponde ao total de
77.918 empregos) e a média anual do PIB per capita foi também robusta (6%). O
forte crescimento do emprego em 2009 é explicado em parte pela nova abordagem do
cálculo do desemprego, pois neste ano o crescimento do PIB per capita real foi
de apenas 2,7%.
Considerando
2009 um ano outlier, no período 1989-2008 a média anual do crescimento do
emprego (3,9%) foi inferior ao crescimento do PIB per capita real (4,4%). O
crescimento do PIB per capita em Cabo Verde apesar de ser robusto comparando
com os outros pequenos países Africanos, não tem traduzido numa criação de
empregos em actividades altamente qualificados e de elevado valor acrescentado,
facto este que podemos constatar nas análises que se seguem.
Figura1: Evolução do
emprego e da taxa de crescimento do PIB per capita real
Fonte:
UNCTAD e INE (inquérito ao emprego 2009)
Em
termos de distribuição dos empregados por ramos de actividades, nos anos 2000 e
2005 a “agricultura e pesca” foi o ramo com maior concentração de empregados,
23% e 29%, respectivamente. Já em 2010 a maior concentração é no ramo do “comércio”
com 14% e “agricultura e pesca” é terceiro maior, com 10%.
Comparando
os dados de 2000 e 2005, verificamos que com a excepção do sector “agrícola e
pesca” (há criação de cerca de 3.500 empregos) houve destruição de emprego em
praticamente todos os ramos de actividades (foram perdidos cerca de 23.980
postos de trabalho). Em relação aos dados de 2005 para 2010 o sector “agrícola
e pesca” é o único com perda de empregos (cerca de 17.680 postos de trabalho) e
nos restantes sectores há criação de empregos, sendo os destaques para “construção”,
“comércio” e “actividades administrativas e serviços de apoio”. O “comércio” é
o ramo com maior número de empregados em 2010, ultrapassando assim “Agricultura
e pesca”.
Quadro1: Ramos de
actividade económica
Ramo de actividade económica
|
Censo 2000
|
ISE-2005
|
Censo 2010
|
Agricultura
e pesca
|
32.597
|
36.141
|
18.461
|
Indústrias
extractivas
|
1.276
|
1.177
|
1.649
|
Indústrias
transf. electricidade, água
|
11.054
|
8.981
|
11.602
|
Construção
|
16.157
|
10.796
|
22.022
|
Comércio
(grosso e retalho)
|
24.093
|
19.807
|
25.394
|
Transportes,
armazenag. comunicação
|
8.220
|
6.320
|
10.029
|
Alojamento
e restauração
|
3.543
|
3.777
|
6.476
|
Act.
financeiras, seguros, imobiliárias
|
2.268
|
1.045
|
1.960
|
Act.
administrativa e serviços de apoio
|
--
|
2.104
|
8.061
|
Administ.
pública e segurança social
|
20.267
|
14.175
|
16.732
|
Educação
|
8.220
|
8.167
|
9.708
|
Saúde
humana e acção social
|
1.842
|
1.792
|
2.629
|
Famílias
empregadoras de domésticas
|
6.378
|
5.501
|
8.583
|
Outras
actividades de serviços
|
5.810
|
3.845
|
5.203
|
Não respondeu
|
|
2.117
|
31.175
|
Total
|
141.725
|
125.745
|
179.684
|
Fonte: INE: Censo 2000,
Censo 2010; IEFP: Inquérito ao emprego (ISE-2005)
A
maioria dos empregados cabo-verdianos são “trabalhadores não qualificados”, mas
tem havido uma redução, ou seja, no ano 2000 o peso dos “trabalhadores não
qualificados” no total de empregados foi de 30%, no ano 2005 aumentou
ligeiramente para 32% e em 2010 baixou para 25%. Os “agricultores e pescadores”
são as profissões que seguem com peso de 22% e 17% nos anos 2000 e 2005,
respectivamente. Em 2010 “pessoal de serviços e vendedores” com 23% foi o
segundo com maior peso no total de empregados. Comparando os dados de 2005 e
2000, verificamos que os “técnicos superiores” e os “técnicos e profissionais
de nível intermédio” foram praticamente as únicas profissões com aumento de
emprego, o que traduz numa melhoria da qualificação dos empregados. Nas outras
profissões houve destruição de empregos. E, para dados de 2010 em relação à
2005, há aumento de “especialistas” em detrimento dos “técnicos superiores” e “técnicos
e profissionais de nível intermédio” que diminuíram. O maior aumento verificou-se
no “pessoal dos serviços e vendedores” e a maior redução no “agricultores e
pescadores”.
Quadro2: Profissão
Profissão
|
Censo 2000
|
ISE-2005
|
Censo 2010
|
Forças
Armadas
|
227
|
305
|
826
|
Quadro
superior da Adm. Pub e Q. Superior
|
1.390
|
6.044
|
4.330
|
Especialistas
|
6.660
|
4.731
|
10.843
|
Técnico
e profissionais de nível intermédio
|
6.434
|
7.374
|
6.230
|
Pessoal
Administrativo e Similares
|
4.647
|
4.122
|
5.685
|
Pessoal
dos serviços e vendedores
|
21.555
|
16.385
|
40.635
|
Agricultura
e pescador
|
31.432
|
21.960
|
12.637
|
Operários,
artificies e similares
|
20.271
|
19.115
|
25.980
|
Operários
de máquinas e trab. de montagem
|
6.190
|
5.271
|
6.113
|
Trabalhadores
não qualificados
|
42.919
|
40.199
|
45.094
|
Não
respondeu
|
|
239
|
21.311
|
Total
|
141.725
|
125.745
|
179.684
|
Fonte: INE: Censo 2000,
Censo 2010; IEFP: Inquérito ao emprego (ISE-2005)
Com
isto concluímos que em Cabo Verde a volta de 60% dos empregos são ocupados por
trabalhadores não qualificados ou de baixa qualificação. O sector terciário
emprega a volta de 54% dos trabalhadores, e em termos de ramos de actividades a
agricultura e pesca tem sido substituído por construção e comércio como
actividades que empregam mais trabalhadores.