O
comportamento do PIB no período 1970-2010 é explicado, na óptica das despesas
interna, em grande parte pelo consumo da família, que cresceu à taxa média
anual real de 4,64% e com peso médio anual no PIB de 77%, seguido das despesas
de formação bruta do capital com taxa média anual de crescimento real de 6,16%
e peso médio anual de 39% do PIB e por último as despesas do governo com
crescimento médio anual de 5,5% e peso médio anual no PIB de 20,6%. O forte
crescimento nas despesas internas, não se traduziu em crescimentos substanciais
no PIB, visto que grande parte dos bens consumidos são importados. As
exportações e importações cresceram às taxas médias anuais reais de 6,2% e 5,6%
e com pesos médios anuais no PIB de 18,9% e 55,8%, respectivamente. (Usamos
como fonte de dados: Banco Mundial (1985), World Development Indicators,
Relatórios e contas do BCV (1985, 1999 a 2012), III Plano de Fomento, IV Plano
de Fomento, I PND, II PND, III PND, PND (2002-2005) e Programa do Governo (VII
Legislatura, 2006-2011).
Década
1971-1980
É
o período de menor crescimento do PIB real em Cabo Verde, com taxa média anual
de 1,14%. Neste período há duas depressões, em 1975 e 1977 com decréscimo de
-16,9% e -5%, respectivamente. Em 1975 foi a independência de Cabo Verde e a
taxa da inflação foi de 34%, o que pode justificar esta redução drástica em termos
reais em todas as variáveis económicas. No período 1972-1977 há fraco
crescimento do PIB real que pode estar ligado a luta armada pela independência
e a transição política (entre 1975 e 1980 Cabo Verde e Guiné-Bissau foram
governados de forma conjunta, Banco Mundial (1985)). O consumo das famílias, a
formação bruta de capital e as importações tiveram um crescimento médio anual
baixo, 1,8%, 0,5% e 1%. O governo e as exportações tiveram uma variação média
anual negativa de -0,2% e -0,1%, respectivamente.
Década
1981-1990
A
taxa do crescimento médio anual do PIB real foi de 6,16%. As despesas das famílias
é o componente com maior peso no PIB, e o consumo do governo a parcela com
maior taxa de crescimento (média anual real de 9%). Este comportamento do consumo
do governo deve-se ao aumento do número de empresas públicas e mistas,
institutos públicos, serviços autónomos e serviço da dívida. A formação bruta
do capital também cresceu à uma taxa significativa (6%), justificado em parte,
pelas obras no aeroporto da Ilha do Sal e no estaleiro de reparação naval na
Ilha de São Vicente. As exportações cresceram à taxa média anual de 6,6%, graças
aos serviços ligados aos transportes aéreos. Influenciado fortemente pelo consumo
interno as importações cresceram à taxa média anual real de 5,8%.
Década 1991-2000
O
crescimento médio anual do PIB real foi de 7,93%. As exportações reais
cresceram à taxa média anual de 11%, sendo o componente com maior crescimento.
Este maior crescimento deve-se às empresas francas que instalaram em Cabo Verde
(exportações de produtos manufacturados - calçados e confecções) e à expansão
do sector do turismo e dos serviços ligados ao transporte aéreo e marítimo. O
consumo das famílias continua a ser a parcela com maior peso no PIB e cresceu à
taxa média anual real de 7,3%, motivado pelo reforço de confiança no sector
privado, aumento do rendimento disponível (aumento dos salários reais com a
estabilidade dos preços) e diminuição nas taxas de juro reais. O menor
crescimento no consumo do governo (6%) em relação à década passada está
associada a políticas de contenção aplicadas, com o objectivo de estabelecer o
equilíbrio monetário, orçamental, fiscal, taxa de câmbio e aumento das reservas
externas. A formação bruta do capital com crescimento média anual de 5,8%, foi
o componente com menor crescimento. As importações cresceram à taxa média anual
de 7,3%, motivado pela liberalização do mercado e investimentos públicos
realizados.
Década
2000-2010
O
PIB real cresceu à taxa média anual de 7,02%. A formação bruta de capital é o componente
com maior taxa de crescimento médio anual, 12,3%, fruto da maior entrada do IDE
e dos investimentos públicos em infra-estruturas, bens e equipamentos e
material de transporte. O consumo das famílias cresceu à taxa inferior (4,8%)
ao da década anterior e o menor crescimento nos anos finais da década deve-se
as incertezas quanto as perspectivas do rendimento em resultado da instabilidade
criada pela crise financeira internacional. As exportações cresceram à taxa
média anual de 7% e também há aumento do peso no PIB em cerca de 2 pontos
percentuais, em relação as médias anuais das décadas anteriores. Este nível de
crescimento nas exportações deve-se a evolução favorável do sector do turismo,
serviços ligado ao tráfego aéreo e produtos da pesca. As importações cresceram
à taxa média anual real de 8,2% justificado pela dinâmica de crescimento da
economia nacional (bens intermédio e de capital em virtude da
infra-estruturação do país, serviços de comunicação, informáticos, empresariais
e técnicos). O consumo do Governo cresceu à taxa média anual real de 6,9% e há
ligeira diminuição no peso do PIB em relação as médias anuais das décadas anteriores.
Cabo Verde pelas suas
características (como: reduzido mercado interno, estado insular e escassez de
recursos naturais), apresenta nível de crescimento económico bastante satisfatório
no período 1970-2010,
com taxa média anual de crescimento do PIB real (4,79%). A década 1991-2000, foi a de maior taxa de crescimento médio anual. Na
óptica das despesas, o consumo das famílias foi a parcela com maior peso no
crescimento do PIB, no período 1970-2000, e na década 2001-2010 foi a formação
bruta do capital, traduzindo assim, numa maior afectação dos recursos ao
investimento em detrimento do consumo presente.
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